PROPÓSITOS DO ESPÍRITO SANTO – Parte 2
Já temos compartilhado sobre o Espírito Santo e seus propósitos na vida do homem. Queremos, hoje, continuar falando sobre outro tópico relacionado ao mesmo tema que é o enchimento do Espírito Santo. No texto anterior abordamos o batismo do Espírito Santo como sendo algo dado por Jesus Cristo. “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” Já o enchimento do Espírito Santo é algo que diz respeito a uma ação do cristão, é uma ordem a ser cumprida por cada filho de Deus. Já não se trata de uma dádiva de Deus a nós simplesmente, mas algo que exige uma interação nossa, um posicionamento, uma postura. Pela Palavra de Deus entendemos que o enchimento do Espírito é como o alimento cotidiano; não podemos ficar sem ele. A instrução sobre o enchimento do Espírito Santo foi-nos dada por intermédio do apóstolo Paulo e encontra-se em sua carta aos Efésios, capítulo cinco.
“E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito, 19 falando entre vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, 20 sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, 21 sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.” Ef. 5: 18 – 21.
Veja que instrução clara! O apóstolo não apenas nos transmite a ordem de nos enchermos do Espírito Santo, como também nos dá a fórmula para alcançarmos este enchimento. Então, para ser cheio do Espírito Santo eu não tenho que “ir ao monte”, não tenho que freqüentar vigílias de oração, não tenho que fazer jejuns; embora todas estas coisas façam parte do dia a dia do cristão. Não se trata de algo que eu tenha que buscar em Deus, insistentemente, até alcançar, mas de uma atitude pessoal. Eu parto do princípio que para ser cheio do Espírito Santo eu preciso tê-Lo. Ele já está em mim. O enchimento do Espírito Santo passa a ser então uma conduta e não um momento pontual como no caso do batismo. É muito interessante observar que o texto começa contrastando a embriaguez do vinho com o enchimento do Espírito. Mas, porque o apóstolo utilizou-se desse recurso? Porque contrastar embriaguez com o enchimento do Espírito? Vamos pensar em uma situação prática: um grupo qualquer de pessoas se reúne em um determinado local para festejar algo. Normalmente, aqueles que não têm em suas vidas o governo de Jesus Cristo, entregam-se facilmente à bebida em ocasiões como esta. Ali eles começam a beber e beber, até que “a certa altura” percebe-se que os ânimos já estão mais exaltados, há um vozerio mais forte e as palavras saem quase que sem pensar da boca das pessoas. Então começamos a ouvir conversas muito diferentes no meio do grupo. Alguns falam das dificuldades no trabalho, do salário insuficiente, outros falam mal do “chefe”, do colega de trabalho, há outros que começam a comentar a respeito da secretária, das roupas que ela usa, das curvas do seu corpo. Em alguns casos, ocorrem ainda discussões calorosas que podem até terminar em agressões físicas. É muito comum observar situações assim em reuniões onde o Espírito Santo não pode manifestar-se. Agora veja onde está o contraste aplicado pelo apóstolo: Enchei-vos do Espírito – falando entre vós, ou seja, quando estiverem juntos. Ele está apontando para uma conduta que manifesta a presença de Deus entre nós. Ele está dizendo que, ao invés de estarmos murmurando, reclamando, devemos salmodiar! Isso nos fará pessoas cheias do Espírito! Ele disse que devemos cantar hinos e cânticos espirituais. Isso nos encherá do Espírito! Ele ainda estimula um coração grato diante de Deus, ou seja, dêem graças ao Pai por todas as coisas. Quando comecei a pensar neste texto, confesso que cheguei a perguntar a Deus: Senhor, como dar graças por algo de ruim que está me acontecendo? Como dizer: Obrigado Senhor, porque o meu carro está estragado na garagem e não posso utilizá-lo? Estou confuso! Então o Senhor me perguntou algo que me paralisou. Ele disse: você se lembra do meu servo Jó? Que susto eu tomei! Essa pergunta foi feita a Satanás quando ele vinha de rodear a terra e de passear por ela. Eu me senti muito envergonhado! Mas, comecei a meditar no que acontecera a Jó e me lembrei de que quando a sua esposa lhe “aconselhou” a que amaldiçoasse a Deus e morresse, a resposta dele foi muito simples e igualmente incisiva:
“Mas ele lhe disse: Como fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos de Deus o bem, e não receberemos o mal? Em tudo isso não pecou Jó com os seus lábios.” Jó 2: 10
Esta fala de Jó revela o quanto ele compreendia sobre o lugar de Deus e o seu próprio lugar no Reino. Ele entendeu que todas as coisas, boas ou más, estão sob o governo de Deus, o Eterno, e que tudo o que estava acontecendo não eram obras do acaso e nem estavam fora do controle do Senhor. Pude então entender o que o Pai estava me falando. Nós, costumeiramente, atribuímos tudo o que de ruim nos acontece ao nosso adversário e nos esquecemos de que Deus tem muito a nos ensinar em meio às adversidades. O apóstolo Paulo que o diga: “E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, 4 e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; 5 e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” Rm. 5: 3 – 5 Nada do que nos acontece é sem propósito! Até a tribulação que nos sobrevém tem um propósito em Deus. Jó já entendia isso há muito tempo atrás. Deixei de arrazoar com Deus sobre a gratidão pelas coisas não tão agradáveis que me aconteciam para dar lugar ao Espírito Santo pra que Ele me enchesse, enquanto meditava na Palavra. Afinal, ainda não havia acabado o assunto. Faltava ainda pensar sobre “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.” Ainda contrastando com a atitude do homem sem o Espírito Santo, que em suas reuniões prefere a afronta, a discussão, a agressão, o conselho do apóstolo Paulo é que nos sujeitemos uns aos outros no temor de Cristo. Que fórmula tremenda! Que receita bem prescrita! Diga-me: como é possível não ser cheio do Espírito Santo adotando uma atitude como esta? Isso é lindo! Mas, há ainda um propósito em Deus ao nos orientar para que nos enchamos do Espírito. Qual é então este propósito? Observe os textos seguintes e que atitude havia nas pessoas de quem se disse que estavam, ou ficaram cheias do Espírito Santo.
“Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo, 42 e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! 43 E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? 44 Pois logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria dentro de mim. 45 Bem-aventurada aquela que creu que se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.” Lc. 1: 41 – 45
“Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou, dizendo: 68 Bendito, seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo, 69 e para nós fez surgir uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo; 70 assim como desde os tempos antigos tem anunciado pela boca dos seus santos profetas; 71 para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam; 72 para usar de misericórdia com nossos pais, e lembrar-se do seu santo pacto 73 e do juramento que fez a Abrão, nosso pai, 74 de conceder-nos que, libertados da mão de nossos inimigos, o servíssemos sem temor, 75 em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.” Lc. 1: 67 – 75
“O parecer agradou a todos, e elegeram a Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, e Nicolau, prosélito de Antioquia, 6 e os apresentaram perante os apóstolos; estes, tendo orado, lhes impuseram as mãos. 7 E divulgava-se a palavra de Deus, de sorte que se multiplicava muito o número dos discípulos em Jerusalém e muitos sacerdotes obedeciam à fé. 8 Ora, Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.” At. 6: 5 – 8
“Todavia Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos nele, 10 disse: ó filho do Diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os caminhos retos do Senhor? 11 Agora eis a mão do Senhor sobre ti, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. Imediatamente caiu sobre ele uma névoa e trevas e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão.” At. 13: 9 – 11
Nestes textos encontramos características marcantes em todos aqueles de quem se diz: ficaram cheios do Espírito Santo. Havia gratidão no coração, uma atitude de adoração a Deus e a manifestação de sinais e prodígios. Aqui está o propósito para o enchimento do Espírito Santo. O testemunho de um cristão cheio do Espírito Santo fica evidente! Não é o que ele diz, mas o que revela! Vemos, novamente, que ser cheio do Espírito Santo não significa apenas a manifestação de dons espirituais como línguas estranhas, palavra de conhecimento, palavra de sabedoria, enfim. Mas, fala de uma atitude que revela aos outros a presença de Deus em nossas vidas. Ser cheio do Espírito nos fornece armas, instrumentos, para que a evangelização e o testemunho seja ainda mais eficaz, sendo acompanhado de sinais e prodígios. Mas, algo muito tremendo que também temos que observar é que aquele que é cheio do Espírito Santo, é também grato a Deus. Essa característica é observada em todos os que revelam estar cheios do Espírito. Daqui podemos tirar um ensino que servirá para toda a vida: quando observamos alguém próximo de nós com uma atitude de ingratidão, murmuração, precisamos entender que esta pessoa não está cheia do Espírito Santo. E se não está, que espírito pode estar governando a sua vida? Será que não há, muito perto dela, um espírito de trevas oprimindo e gerando uma atmosfera espiritual favorável à atuação do adversário? Não seria o caso de alertar esta pessoa sobre o perigo que ela corre? E se ela não quiser ouvir, não seria o caso de ver a possibilidade de sair de debaixo daquela atmosfera e gerar uma atmosfera favorável à presença do Espírito Santo tornando o ambiente mais agradável e possibilitando o enchimento do Espírito Santo até mesmo na vida do murmurador? Que o Senhor nos conceda graça para manter uma atitude de gratidão gerada por sermos cheios do Espírito Santo.